Nova nota sobre as manchas de óleo encontradas em nosso litoral cearense
Data da publicação: 4 de fevereiro de 2022 Categoria: NotíciasLabomar-UFC nega relação das manchas de óleo no litoral cearense com a erupção/tsunami provocado pelo vulcão Hunga Tonga-Hunga Haʻapai, em Tonga, na Oceania.
Pesquisadores do Labomar-UFC mostram provas de que não existe relação entre o tsunami em Tonga, no Oceano Pacífico, com o surgimento no Oceano Atlântico das manchas de óleo no litoral do Ceará.
No dia 1º/2/2022, o portal G1 (Ceará) divulgou notícia que sugere ligação entre o aparecimento de manchas de óleo em praias do Ceará e o tsunami ocorrido na Oceania devido à erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Haʻapai, em Tonga, no dia 15/1. Segundo a notícia divulgada na imprensa nacional e local, a conexão seria pela seguinte explanação: “Pode ser do derramamento do óleo, que estava aprisionado em algum local, mas pode ter sido revolvido por um tsunami na ilha de Tonga. Ele alterou o nível dos oceanos aqui no Brasil. Isso 17 horas depois de ter ocorrido esse tsunami lá”. Conforme será explanado, essa hipótese não possui suporte dos dados e evidências científicas atualmente disponíveis. Devendo, portanto, ser desconsiderada por não se tratar de verdade científica.
A erupção gerou um tsunami que foi sentido em diferentes intensidades em todo o Oceano Pacífico e em diferentes regiões do Globo. Essa erupção gerou variações na pressão atmosférica ao redor do Globo, o que também gerou meteo-tsunamis, que são variações rápidas do nível do mar geradas por mudanças rápidas e intensas da pressão atmosférica.
Segundo informações divulgadas no dia 21 de janeiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estação maregráfica do órgão localizada em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, detectou o fenômeno 17 horas depois do tsunami como uma alteração de 8 cm no nível do mar local. Segundo o mesmo órgão, não foram detectadas variações em outros pontos da costa brasileira, inclusive em Fortaleza, onde existe uma estação maregráfica do IBGE no porto do Mucuripe.
Houve uma pequena variação nos dados de pressão atmosférica (Figura 1)*, registrados na estação localizada no Porto do Pecém entre 13 e 17 de janeiro de 2022.
Entretanto, não há evidência sobre a variação do nível do mar em decorrência da erupção do vulcão (Figura 2)*.
* Consultar figuras na nota em PDF.
Vulcão Hunga Tonga-Hunga Haʻapai na costa cearense e variação normal de acordo com marés, ventos e luas. Fonte: Projeto SimCosta
Portanto, os fatos, as evidências e as provas aqui expostas permitem afirmar que a hipótese de relação entre a erupção/tsunami do vulcão e o aparecimento de manchas de óleo na costa do Ceará deve ser refutada, ou desconsiderada pela sociedade.
Informamos que a equipe de pesquisadores aqui subscrita está buscando analisar hipóteses alternativas (incluindo análise de ondas, ventos, correntes, dinâmica morfosedimentar e química do óleo) e que os resultados e as evidências obtidas devem sair em breve e serão amplamente divulgados.
Fortaleza 3/2/2022
Prof. dr. Marcelo de Oliveira Soares, Labomar (UFC)
Prof. dr. Carlos Eduardo Peres Teixeira, Labomar (UFC)
Prof. dr. Eduardo Lacerda Barros, Programa Cientista-Chefe Meio Ambiente
Profa. dra. Lidriana de Souza Pinheiro, Labomar (UFC)
Prof. dr. Antônio Ximenes Neto, Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Prof. dr. Paulo Henrique Gomes de Oliveira Sousa, Labomar (UFC)
Prof. dr. Luis Ernesto Arruda Bezerra, Labomar (UFC)
Referências
G1 (Ceará). Acesso em 3 de fevereiro de 2022.
https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2022/02/01/aparecimento-de-manchas-de-oleo-empraias-do-ceara-pode-estar-ligado-a-tsunami-ocorrido-em-tonga-na-oceania-cogitapesquisadora.ghtml
IBGE. Acesso em 3 de fevereiro de 2022.
Projeto SIMCOSTA. Acesso em 3 de fevereiro de 2022. https://simcosta.furg.br/home
